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É comum observarmos que, ao longo da história, a humanidade repete suas atividades. No entanto, essas atividades vem sendo realizadas de formas diferentes, certamente em função das condições sócio-econômicas ou climáticas da região e outros elementos que influenciam o jeito de fazer as coisas. E em nosso meio podemos notar constantes mutações em função dos avanços da tecnologia da informação, que aproveitamos (ou deveríamos aproveitar) para aumentar nossa produtividade ou melhorar nossa qualidade de vida.

Mas não vou abordar aqui a evolução dos computadores, nem falar de nanotecnologia, nem de software de gestão ou de Business Intelligence.

A minha reflexão, neste momento, se concentra em algo mais simples, mas que não foge à regra e também apresenta, ao longo da história, inúmeras evoluções: a comunicação escrita. Nem quero voltar aos tempos da inscrição em pedra ou dos papiros, nem falar do feito de Gutenberg e nem desmerecê-lo, como também não desprezar a importância de H.Hertz, G.Marconi e S.Morse, que tanto contribuíram com o invento do telégrafo. Como isto não é do meu tempo e confesso que História não é o meu forte, vou me ater a um passado mais recente (de algumas décadas apenas).

O que me motivou a refletir sobre este assunto foi a percepção de como estão sendo usados, dentre os atuais meios de comunicação eletrônica, o e-mail e os instant messengers, como Twitter, Skype e WhatsApp. E o que me inspirou a escrever a respeito, foi a brincadeira que um amigo fez, em meio a uma queixa minha sobre o mau uso do WhatsApp, lembrando do telegrama …

Pois então, aí me perguntei: se há décadas o ser humano já distinguia a finalidade do telegrama (usada para mensagens curtas e urgentes) da carta (que comporta textos mais longos e não necessariamente urgentes), por que não seguir este princípio atualmente, usando os instant messengers como forma mais moderna e rápida de substituir o telegrama e deixar as mensagens mais extensas e/ou não tão urgentes para o e-mail ?

Confesso que tenho visto com um pouco de indignação colegas se queixarem do volume de e-mails que recebem, usando isso como argumento para criar grupos no WhatsApp. Quando vejo, estão poluindo o WhatsApp com mensagens nada urgentes e acabam gerando o mesmo problema, ou seja, ao invés de ter uma caixa de entrada de e-mail abarrotada, recebem avalanches de mensagens via instant messengers, misturando assuntos de caráter imediato com coisas que não têm qualquer urgência.

E, quem recebe uma mensagem no Skype ou WhatsApp que exige uma providência ou um retorno posterior, como controla as pendências ? Os gerenciadores de e-mail costumam ter mecanismos para o usuário poder assinalar o que está pendente, mas os instant messengers, dada à finalidade para a qual foram concebidos, não possuem e nem precisam ter esse recurso. Tenho lamentado quando recebo no instant messenger mensagens assim, p.ex.:

1) “Preciso contratar um profissional com perfil X; alguém tem alguma indicação e poderia me encaminhar o curriculum ?” e normalmente tenho indicação, mas os dados do indicado não estão no WhatsApp;

2) “Assunto XPTO de extrema importância … favor repassar a todos aos seus contatos.” e estou no transito, em reunião ou sem possibilidade de fazê-lo de imediato … aí danou-se. Me perdoem os colegas que  tem esse hábito, mas eu não vou assumir essa tortura mental de ter de recordar tudo no momento posterior em que teria condições de atender ao solicitado.

Lamentável também considero a decisão que tomei de desativar o sinal sonoro para me alertar sobre entrada de mensagem no WhatsApp. Ora, sendo um recurso de mensagem instantânea, entendo importante eu ser notificado da chegada de uma mensagem, pois a situação certamente requer uma resposta (ou ação) instantânea/imediata. Porém, depois de ser acordado de madrugada ou em pleno e merecido cochilo numa chuvosa tarde de sábado, após uma feijoada com direito a caipirinha, eu decidi desativar o sinal sonoro e … paciência, não existe mais telegrama urgente pra mim. O sono, na minha modesta opinião, precisa ser respeitado.

Então, meus amigos, as mensagens são essas:

a) ao invés de reclamar do e-mail, gerenciem-no e conformem-se com o fato de que é bem mais fácil fazer uma triagem de 200 mensagens/dia de e-mail do que se tivéssemos de fazê-lo recebendo 200 cartas do correio físico …

b) antes de fazer solicitações de algo que não requer ação imediata/instantânea ou transmitir textos extensos e/ou com recomendações de passar adiante, párem e avaliem se realmente é assunto para instant messenger ou se o velho e bom e-mail não é mais adequado à situação.

c) da mesma forma como tem um ditado que diz “sabendo usar, não vai faltar”, aqui se aplica “sabendo usar, não vai chatear”.

E com isso, podemos não só aumentar a nossa produtividade, como também a efetividade das mensagens transmitidas e, por que não dizer, ganhar na qualidade de vida (sabendo que o alerta sonoro do instant messenger pode permanecer ativado e só vai nos perturbar quando o assunto de fato é urgente).

Por fim, quero deixar claro que não sou contra os instant messengers, muito pelo contrário. Sou um grande admirador e fiel usuário do Skype, p.ex., e posso afirmar com toda a tranquilidade: só me gera conforto e produtividade enquanto usado de forma adequada (nada de extensas cartas e muito menos tarefas para execução posterior).

Leonardo R. M. Matt – Jan/2015